Com sensação de alívio, ela retornou para o convívio de sua família - o esposo, cinco filhos e 11 netos. Antes da tão sonhada alta médica, Marilene recordou que, no dia do acidente, estava com quatro amigas se confraternizando. Após o almoço, elas decidiram estender a programação, indo curtir um evento na Serra da Barriga. Elas conseguiram acesso à condução que levava as pessoas para o destino. O que elas não esperavam é que uma tragédia iria acabar com todos os planos, gerando dores difíceis de superar.
“Estava tudo bem, estávamos animadas, sorrindo muito com as nossas histórias. Há anos não ia à Serra da Barriga; eu ainda não conhecia essa estrada nova. Os meus filhos sempre me chamavam, mas eu recusava o convite. Dessa vez topei ir. Foi um pesadelo quando o ônibus começou a capotar rapidamente, descendo o precipício. Foi um milagre eu sair viva”, relatou Marilene, ao lado da filha, Joelma Fortunato.
Dentro do ônibus, segundo a Prefeitura Municipal de União dos Palmares, 51 pessoas estavam sendo transportadas pelo veículo escolar. Marilene recordou que o pesadelo teve início quando o ônibus parou e, de repente, começou a descer para trás. O motorista tentou controlar o veículo, mas não conseguiu impedir que ele saísse da pista e despencou de uma altura de aproximadamente 400 metros, atirando vários passageiros pelas janelas durante o capotamento.
“Foi horrível! Fui separada das minhas amigas. Gritava pelas dores, pelos que também precisavam de ajuda. Foi uma sensação de impotência, um pesadelo, o maior da minha vida. Até que chegaram as pessoas, que foram levando quem conseguiam, e depois chegaram os socorristas para retirar quem tinha se machucado com mais gravidade”, lembrou Marilene, que gosta muito de costurar.
Com muitas dores na região do ombro, a palmarina foi levada para o Hospital Regional da Mata (HRM), referência na região. Com a suspeita de fratura, a equipe médica sinalizou à Central Estadual de Regulação de Leitos, vinculada à Secretaria de Estado de Saúde (Sesau), a necessidade de transferência para o HGE, na capital, onde outras 11 vítimas também foram acolhidas.
“Aqui no HGE, ela foi reavaliada na Área Vermelha, com a repetição de alguns exames e administração de medicamentos. Com isso, identificamos uma fratura na clavícula direita e a acomodamos na enfermaria feminina da Área Azul. A partir daí, iniciamos os preparativos para o procedimento cirúrgico, providenciando os materiais necessários para a correção. E, na quinta-feira, (28), tivemos a satisfação de levá-la ao centro cirúrgico”, informou o diretor médico do HGE, Rodrigo de Melo.
O médico ortopedista Ronaldo Rodrigues esteve à frente da cirurgia de Marilene Furtunato de Lima. Para a realização do procedimento ele pôde contar com a integração de outros profissionais, como médicos residentes, anestesista, enfermeiros, técnicos de enfermagem, técnico em radiologia, instrumentador cirúrgico e auxiliares, além dos profissionais, que contribuíram fora da sala de cirurgia.
“Nós realizamos o tratamento cirúrgico da fratura de clavícula com a fixação de placas e parafusos. Graças a Deus, na cirurgia ocorreu tudo bem, pois contou com os esforços e apoio da Sesau e do Governo de Alagoas. Agradeço a toda equipe da Enfermagem, a todos os profissionais que estiveram no centro cirúrgico do HGE. A nossa expectativa é de que ela possa se recuperar, ter uma boa reabilitação e resgate a sua funcionalidade”, declarou o especialista.