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Saúde

Em Alagoas, 57% das famílias não autorizaram doação de órgãos dos parentes com morte cerebral

Publicada em 01/03/24 às 10:02h - 8 visualizações

Por Ruana Padilha / Ascom Sesau


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Em Alagoas, 57% das famílias não autorizaram doação de órgãos dos parentes com morte cerebral
 (Foto: ilustração)
O índice de famílias alagoanas que não autorizaram a doação de órgãos dos parentes que estavam em morte cerebral foi de 57% em 2023, conforme apontam dados da Central de Transplante de Alagoas. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (29) pela instituição, que é vinculada à Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).

A coordenadora da Central de Transplante de Alagoas, Daniela Ramos, explica que boa parte da taxa de recusa ocorre por motivos e tabus sociais e da falta de conscientização sobre a morte encefálica, que é um processo irreversível. Ela explica que a recusa acontece pelo desconhecimento da causa e da vontade do doador ainda em vida.

"Há também o fato de algumas famílias terem medo de que o corpo seja modificado e deformado. Mas é preciso ressaltar que trata-se de uma cirurgia eletiva como outra qualquer. Há também uma Lei que garante a recomposição do corpo para que seja entregue aos familiares visando realizar o sepultamento. Questões religiosas também são causas das recusas, embora nenhuma religião oficialmente seja contra doação de órgãos”, salientou Daniela Ramos.

A coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas frisa que a doação de órgãos do potencial doador, juridicamente, só pode ser autorizada pela família.

“O primeiro passo para se tornar um doador é a decisão de continuar salvando vidas, mesmo após a morte, e de conscientizar seus familiares da sua escolha, pois a nossa legislação não permite que seja deixado nada por escrito. Então, os familiares precisam autorizar a doação de órgãos e é a decisão da família que será acatada por nós. Portanto, ressaltamos sempre a importância de avisar os familiares, de conscientizá-los e sensibilizá-los desse milagre, dando vida a outras pessoas”, ressaltou.

A coordenadora explica que, só após o diagnóstico de morte encefálica, prescrito na resolução 2.173, expedida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em 2017, os médicos procuram a família e pedem a autorização para a doação dos órgãos.

“Nós possuímos uma equipe especializada, a Organização de Procura de Órgãos, que faz esse trabalho, e acolhe a família durante todo o processo. Mas, precisamos ressaltar que a doação de órgãos ocorre quando há confirmação de morte encefálica e a confirmação precisa seguir alguns procedimentos, que é realizado em três etapas”, explica.

A primeira etapa é desenvolvida por um médico habilitado, que faz uma série de exames clínicos e, uma hora depois, outro médico repete todos os exames. O segundo passo é um teste de apneia para se ter certeza que o paciente está respirando ou não. E a terceira etapa é um exame de imagem, podendo ser um eletroencefalograma, doppler ou arteriografia.

Daniela Ramos, coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas frisa que a doação de órgãos do potencial doador, juridicamente, só pode ser autorizada pela família

Validade dos órgãos

Se a família autoriza a doação, é dada a largada para um processo que necessita da agilidade dos profissionais. Quando os órgãos são captados, é preciso correr contra o tempo para que cheguem ao receptor. Isso porque, cada órgão tem um tempo de validade. O coração, por exemplo, tem 4 horas, o fígado 8 horas, os rins 24 horas e a córnea dura um pouco mais, 15 dias.

“Com a autorização precisamos colher a sorologia do doador para saber se há alguma contra indicação, a tipagem sanguínea, o HLA para ver qual o receptor que irá receber o órgão doado. Também é analisado o RT-PCR para indicar se há Covid-19, pois é contra indicado para transplantes. Após resultados positivos de todos os exames, o órgão é inserido no sistema que determina, seguindo os critérios estabelecidos, qual será o receptor compatível”, esclarece a coordenadora da Central de Transplante, Daniela Ramos.




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