“É uma possibilidade”, admitiu, ponderando que o cenário ainda pode mudar. No entanto, ao ser entrevistado pela reportagem da Tribuna Independente na última segunda-feira (27), Renan Filho adotou um tom mais cauteloso, desviando o foco para a agenda de desenvolvimento e os investimentos federais no estado, sem dar sinais claros sobre seus próximos passos. Questionado sobre uma possível disputa ao governo, o ministro preferiu focar na agenda de desenvolvimento e nos investimentos recentes em Alagoas.
“A gente ainda está em 2025. Ainda está muito longe para a gente discutir a política local. O dia hoje é de muita alegria para todos nós, para mim, para o governador Paulo Dantas, para o vice-presidente Alckmin, por conta desse novo investimento que o estado recebe, colocando Alagoas na vanguarda nacional da geração de energia limpa”, disse Renan durante a inauguração do complexo de biocombustíveis em São Miguel dos Campos.
Nos bastidores, o MDB tem trabalhado ativamente para consolidar Renan Filho como o principal nome do partido para a sucessão estadual em Alagoas. A estratégia inclui fortalecer sua imagem como ministro dos Transportes e reforçar sua ligação com o estado, especialmente por meio de anúncios de investimentos e projetos de infraestrutura.
Além disso, o partido avalia possíveis alianças para fortalecer a candidatura de Renan Filho. Uma delas seria com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), que também é visto como um potencial candidato ao Senado. No entanto, Renan Filho evitou comentar sobre essa possibilidade, reiterando que o foco atual é o trabalho no governo federal e o desenvolvimento de Alagoas. “Vamos deixar para 2026 as discussões da eleição, em 2025 vamos trabalhar porque temos muita coisa a fazer, tanto eu quanto o governador Paulo Dantas”, afirmou.
Renan Filho também foi questionado sobre a possibilidade de ser candidato a vice-presidente na chapa de Lula em 2026. Ele reconheceu que o tema pode ser discutido no futuro, mas destacou que a decisão final caberá ao presidente. “O presidente vai, no tempo apropriado, discutir isso também. Para a eleição passada, a indicação do vice-presidente Geraldo Alckmin [PSB] foi uma construção muito boa, porque ampliou a candidatura. Foi uma aliança de adversários históricos demonstrando que, se for para defender a democracia, a gente precisa se unir. Foi um discurso importante para aquela eleição. Qual vai ser o discurso para essa?”, ponderou.
Sobre a possibilidade de o MDB integrar a chapa de Lula, Renan Filho afirmou que o presidente avaliará todos os cenários. “O presidente vai fazer uma reflexão com relação a todos os partidos, inclusive o PT. Ele pode decidir por uma chapa ‘puro sangue’ petista. Não tem decisão simples. O presidente tem que olhar o que o ajuda mais eleitoralmente e na sustentação congressual. Valorizar o bom companheiro é importante, mas às vezes a eleição precisa de outro que amplie mais”, explicou.
Curiosamente, Renan Filho revelou que Lula, em conversas informais, já sugeriu que ele não seja candidato a cargos executivos. “O presidente, de vez em quando, me diz para eu não ser candidato. Não sei também. Fico com vergonha de perguntar. Ele fala que já fui governador, que é importante ter figuras experientes no Senado, na Esplanada. A política está mudando muito, tem um ambiente de mentira que precisa ter gente com densidade para combater”, contou.
DISPUTA EM 2026
Enquanto o MDB articula o nome de Renan Filho, o Partido Liberal (PL) projeta o prefeito de Maceió, JHC, como seu principal nome para a disputa ao governo de Alagoas em 2026. JHC é visto pelos seus apoiadores como um adversário forte e capaz de polarizar a eleição com Renan Filho.