Simulando que Pacheco era o senador Renan Calheiros (MDB-AL), Lula disse: “em 2026, quero estar num palanque em Alagoas, com esses dois, Renan e Lira, e dizer que essa é a minha chapa para o Senado lá”.
Arthur Lira caiu na gargalhada. Afinal, ele é um inimigo declarado de Renan Calheiros em Alagoas. Logo depois, ainda de mãos dadas com Rodrigo Pacheco, completou. E esse é o meu futuro governador de Minas.
A reunião teve o objetivo de apresentar aos dois as medidas fiscais e pedir o apoio do Legislativo para que elas sejam votadas ainda neste ano, para garantir o equilíbrio das contas públicas.
Por sinal, o clima era realmente de total descontração na reunião. Dois desafetos, Lira e o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, sentaram um ao lado do outro durante a reunião. E trocaram impressões sobre as medidas que Lula apresentava ao comando do Congresso.
Nas eleições municipais deste ano, Lira encerrou a disputa eleitoral com dificuldade para avançar no interior e assistindo ao seu adversário político no estado, o senador Renan Calheiros, consolidar seu poder na maior parte dos municípios.
Alagoas, há mais de uma década, se vê dividida entre os grupos políticos de Renan e de Lira — e, para além do poder regional, ambos veem o aumento das suas influências locais como uma forma de expandir seus poderes a nível nacional.
Em 2026, os dois devem buscar vagas no Senado, que, naquele ano, terá duas cadeiras por estado.
As eleições municipais alagoenses terminaram com 65 das 102 prefeituras com o MDB de Renan. O partido calculava vitória em 65 a 70 das cidades do estado. Já o PP ficou com 27 prefeituras.
Em comparação com 2020, o MDB havia conquistado o comando de 38 prefeituras, enquanto o partido de Lira ficara com 28. Ou seja, em números, o partido de Renan teve uma alta de 71% no número de prefeituras que comanda.
Quando o recorte é de apoios feitos especificamente por Lira ou Renan, um levantamento da GloboNews nas redes sociais dos dois parlamentares mostra que o presidente da Câmara apoiou publicamente pelo menos 34 candidatos à prefeitura vitoriosos em Alagoas.
Entre as vitórias, está a reeleição em primeiro turno do prefeito JHC (PL), de Maceió, aliado do presidente da Câmara. A capital é o maior colégio eleitoral do estado.
A complexidade política alagoana traz ainda um cenário inusitado: Lira apoiou publicamente pelo menos dois nomes do MDB.
Já Renan e seu grupo político estiveram presentes na campanha de pelo menos 49 das 65 prefeituras conquistadas pelo MDB — isto é, em quase metade das 102 cidades alagoanas.
E pelo menos uma das derrotas foi amargada pessoalmente por Lira: a da cidade de Junqueiro, cidade natal de seu pai, Benedito de Lira.