Candidata a vereadora do Rio de Janeiro, nas eleições deste ano, pelo partido Rede Sustentabilidade, a ex-senadora por Alagoas, Heloisa Helena, afirmou, em depoimento exclusivo à reportagem da Tribuna Independente, que essa empreitada não será tarefa fácil, por conta da concorrência e da falta de viabilidade de seu candidato a prefeito Tarcísio Motta (PSol).
“Tem sido muito difícil, profundamente complexo esta eleição, mas sempre repito para mim mesma que nada, absolutamente nada na minha vida foi fácil. E também sei, que os piores maremotos medem a nossa capacidade de resistência, mesmo quando nos sentimos náufragos, seguimos firmes como sempre”, afirmou.
Questionada sobre qual a sua relação com a “cidade maravilhosa”, Heloisa respondeu: “Sempre tive uma relação afetiva com o Rio, especialmente por meu pai ter trabalhado aqui como pedreiro, como mais de 2 milhões de nordestinos que migraram para este estado. Ele voltou para o Nordeste com meu irmão mais velho, aqui nascido, enrolado em trapos. Meu irmão, aqui nascido, morreu assassinado e meu outro irmão seguiu apaixonado pela beleza musical desta cidade”.
Heloisa disse também que a candidatura é uma tarefa partidária e sua permanência no Rio, como professora universitária, foi atendido a pedidos da reitoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro:
“Há vários anos, terminando o mandato de Senadora, recebi o convite do então Reitor da UFRJ para ficar aqui [no Rio], entretanto me sentia na obrigação de cumprir meu ciclo na Ufal. O que foi muito importante para mim voltar para sala de aula em Alagoas”, afirmou.
Sobre o desafio de fazer política no Rio na atual conjuntura, com a cidade vivendo uma escalada da violência urbana, refém do tráfico de drogas e das milícias, ela respondeu da seguinte forma:
“O Rio é conhecido por suas belezas da mãe natureza e por sua rica efervescência cultural, mas o Rio profundo submete a gigantesca maioria do seu povo às diversas formas de violência. Muita pobreza, fome, extrema vulnerabilidade econômica”.
Sobre os compromissos de campanha, ela respondeu: “Meus compromissos com o Rio estão diretamente relacionados às políticas públicas com as quais sempre trabalhei e movimentos sociais que movem meus passos na política”.
Nas redes sociais, ela utiliza o Instagram para divulgar sua campanha. Em uma das últimas postagens, ela aparecia fazendo panfletagem nas ruas centrais da “cidade maravilhosa”, tendo como fundo musical um sambinha interpretado pela saudosa Elza Soares, com o seguinte refrão: “E para chagar ao ponto que cheguei, como lutei, como lutei”.
Trinta anos depois de conquistar seu primeiro mandato parlamentar, em 1994, Heloisa Helena entra na disputa por uma vaga numa das câmaras municipais mais emblemáticas do País, no rastro do legado de Marielle Franco, assassinada a tiros junto com o seu motorista.
Com o número 13.131, a então vice-prefeita de Maceió e professora da Ufal, Heloísa Helena Lima de Moraes Carvalho, conquistava seu primeiro mandato parlamentar, sendo eleita deputada estadual pelo PT, com o cabalístico número 13.131 votos, um percentual de 2,21% dos votos válidos, das eleições de 1994, em Alagoas.
Era o início de uma carreira meteórica, que fez dela uma das maiores expressões da política nacional, uma liderança incontestável, capaz de, entre outros feitos histórico, destronar no Congresso Nacional, o todo poderoso ACM - o cacique político baiano Antônio Carlos Magalhães.
O senador, então presidente do Senado, teve que renunciar ao mandato, por decoro parlamentar, ao ser denunciado por Heloisa de ter violado o painel de votação para tentar desvendar um voto dela.
O voto secreto e decisivo de Heloisa, numa votação polêmica, custaria também o mandato de senador Luiz Esteves, acusado de corrupção no ‘Esquema do Lalau’, como ficou conhecida a maracutaia milionária, orquestrada pelo então juiz trabalhista Nicolau dos Santos Neves, que desviou milhões das obras do prédio do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo (TRT/SP).
Hoje, 30 anos depois da sua eleição para deputada estadual, com a experiência de quem já foi senadora, vereadora e candidata derrotada à prefeita de Maceió e à presidência da República, pelo PSol, partido que ajudou a criar e depois perdeu as rédeas, Heloisa Helena se reinventou e vai disputar um mandato de vereadora do Rio de Janeiro - a capital fluminense, cidade que a acolheu com maior carinho, respeito e admiração.
Se a filosofia epicurista valoriza o prazer acima de tudo, a filosofia política valoriza o voto como a vontade suprema do eleitor. São eles, voto e eleitor, eleitor e voto, quem forjam o político. Não por acaso, Heloisa Helena é fissurada por votos e ama o seu eleitorado. Quando tem eleição, ela faz questão de participar. Este ano, Heloisa disputa uma vaga na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, mas sabe que não vai ser fácil lograr êxito nas urnas da capital fluminense.