De caráter irrevogável, o pedido de exoneração de Davi Davino Filho, que filiado ao Progressistas (PP), da Secretaria de Relações Federativas, é um mais um forte indicativo de que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, que preside o PP em Alagoas, está pressionando o prefeito de Maceió, JHC (PL), para que defina quem será o vice na eleição deste ano.
O parlamentar já garantiu que segue aliado de JHC e que o Progressistas vai indicar o nome para o cargo de vice-prefeito, mas se não houver a aceitação por parte do prefeito de Maceió, o jogo muda, e um nome do partido será lançado à Prefeitura de Maceió.
Com densidade eleitoral considerada e bem colocado nas comunidades, Davi Davino é o favorito para figurar tanto como pré-candidato do PP à prefeitura ou mesmo ser o vice de JHC na composição deste ano.
O pedido de exoneração de Davi Davino Filho foi confirmado pela assessoria do ex-deputado estadual na última sexta-feira (31/5), em contato com a reportagem da Tribuna Independente.
Em sua carta de exoneração, Davi Davino Filho expressa sua gratidão e destaca a irrevogabilidade de seu pedido: “Excelentíssimo Senhor Prefeito, por meio deste ofício, venho solicitar minha exoneração do cargo de Secretário Municipal de Relações Federativas da Prefeitura de Maceió. Ressalto que este pedido é de caráter irrevogável, devendo ser considerado a partir da presente data. Foi uma honra contribuir para o desenvolvimento de nossa cidade e representar os interesses de Maceió nas esferas federativas. Desejo sucesso contínuo nas futuras ações da administração municipal. Atenciosamente, Davi Cabral Davino Filho”.
A assessoria ainda informou à reportagem que “não há nada definido do que Davi Davino será daqui para frente”, quando questionado se existe a possibilidade de o ex-deputado ser pré-candidato a prefeito ou compor como vice de JHC.
Em entrevista à Coluna Radar, da Veja, em 22 de maio deste ano, Davi Filho chegou a admitir a possibilidade tanto de ser vice quanto defendeu que o partido lance um ‘cabeça de chapa’. “Sou um soldado”, resumiu o ex-deputado.
Ainda na publicação, o ex-deputado disse que os próximos 15 dias (a partir do dia 22), “seriam determinantes para firmar ou romper o acordo sobre a vice na eleição municipal”. E, na última sexta (31/5), o sinal de alerta do PP direcionado a JHC foi dado.
Ainda ao portal da Veja, também em 22 de maio, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, não citou quais nomes o partido poderia indicar para ser o vice de JHC. O PP indica cargos na gestão municipal, e além de Davi Davino, tem o da secretária Municipal de Educação, a ex-deputada estadual Jó Pereira.
“Temos ótimos nomes no partido e vamos trabalhar juntamente com o prefeito para compor a chapa. Um desses nomes será o vice”, disse Lira à Veja.
A Tribuna tentou contato com Lira e com sua assessoria para saber se o parlamentar comentaria a saída de Davi Filho da gestão JHC, mas até o fechamento desta edição, não houve retorno.
De acordo com o calendário eleitoral, aqueles que ocupam cargos públicos de direção e têm intenção de disputar as eleições majoritárias deste ano precisam se desincompatibilizar até o dia 6 de junho, portanto, a saída de Davi Davino Filho já era esperada.
No entanto, outros nomes estão surgindo para compor com JHC ou até mesmo estar ao lado do ex-deputado Davi Filho, a exemplo do que foi divulgado na última semana em que o deputado federal Alfredo Gaspar (União Brasil), que também é aliado de Arthur Lira, está de olho na construção de um nome para disputar a Prefeitura de Maceió.
Nesse contexto, o União Brasil poderia indicar o filho do parlamentar, Carlos Mendonça, que foi secretário de Habitação na gestão JHC, para ser o vice de Davi Filho. Alfredo Gaspar não foi localizado para comentar se existe esta tratativa.
Ainda sobre a parceria política do deputado federal, já se sonda na Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que o atual secretário, Luiz Romero Farias, também pode deixar a pasta para poder se candidatar. O nome de Romero também tem apoio de Alfredo e do presidente da Câmara dos Deputados.
Em paralelo a esta nova situação política que se apresenta, com a saída de Davi Filho da gestão JHC, o senador Rodrigo Cunha (Podemos), já chegou a dizer que está em tratativas com o prefeito de Maceió para ser o vice. O parlamentar tem dito que é aliado de JHC, destina emendas para a capital, e que o diálogo com o gestor sobre a composição eleitoral é positivo. Rodrigo Cunha também não foi encontrado para falar sobre o assunto.
Para a cientista política e professora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Luciana Santana, há diversas estratégias em jogo.
“Claro que a principal delas é colocar a possível candidatura dele para jogo. Acho que isso está sendo cogitado, mas também não podemos descartar que seja uma estratégia de pressão do grupo de Arthur Lira para mostrar que eles, efetivamente, querem um espaço na candidatura de JHC. Podemos pensar por esses dois lados. Se optar pela candidatura, vejo como interessante, porque JHC vai ter uma posição que ele não tem hoje, mais sólida, tirando-o do lugar confortável que ele está acreditando que a eleição já está ganha de forma tranquila”, opina Luciana.
Luciana Santana destaca que a entrada de Davi Davino no jogo eleitoral “faria uma total diferença em tudo, até na própria estratégia de campanha do JHC, porque ele vai ter que responder muito mais. Ele já teria que fazer isso só com a candidatura do Rafael Brito [MDB], mas por ser alguém que estava no grupo dele, ou pelo menos ainda tem esse alinhamento e disputa o mesmo eleitorado, ele estaria mais vulnerável com a candidatura de Davi Davino”, continua a cientista política.
Pensando nas estratégias de JHC, Luciana aponta que “para ele, ter Rodrigo Cunha como vice é muito melhor, porque ele acaba trazendo novamente a mãe dele como protagonista, ocupando o cargo no Senado, e ele tem ali uma tranquilidade com Rodrigo de definir seu futuro político para 2026.” Contudo, a entrada de Davi Davino “tira ele de um lugar confortável. Não sei até que ponto as pesquisas internas mostram que ele, mesmo assim, ganharia nesse cenário. Tudo é campanha que indica. Hoje, esses grupos focais ainda não conseguem mensurar um pouco disso, porque os embates não estão ainda em evidência. Mas se Davi vier, ele vem bastante agressivo e com muito arsenal para bater de frente com JHC”, concluiu.