Com a postura do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), em assegurar que o partido vai indicar o vice na composição do prefeito de Maceió, JHC (PL), candidato à reeleição, notabiliza-se um embaralho nas articulações para formação da chapa que hoje lidera as intenções de voto à prefeitura. Nas entrelinhas, Lira deixa claro que pode lançar um nome do PP caso o gestor da capital não valide que o vice será indicado do parlamentar.
O nome de Davi Filho é considerado um dos mais fortes tanto para ser o vice quanto para ser candidato a prefeito. A Tribuna não conseguiu contato com Davi Filho. A reportagem também tentou repercutir esse embate iniciado por Lira com os vereadores do PP, Davi Davino, Olívia Tenório e João Catunda, mas até o fechamento desta edição, não houve êxito.
Em paralelo a isso, está o senador Rodrigo Cunha (Podemos), que esta semana, chegou a confirmar à Tribuna Independente, que está negociando com JHC que o seu próprio nome esteja como vice. A reportagem procurou o senador para saber se a investida de Arthur Lira atrapalha, de alguma forma, as intenções dele em ser o vice, mas a assessoria do parlamentar informou que ele não quer se pronunciar sobre o assunto neste momento.
Em suas redes sociais, o senador publicou foto com sua suplente, a mãe do prefeito JHC, Eudócia Caldas e escreveu “senadora Eudócia sempre presente em minha vida”. A jogada traçada por Rodrigo Cunha com JHC beneficia diretamente Eudócia Caldas, que em caso de reeleição do prefeito, voltaria para o Senado definitivamente, deixando o cargo de suplente. O contexto político atual aponta JHC como favorito à reeleição. Nos bastidores, especula-se que JHC possa disputar o Governo do Estado em 2026, o que permitiria a Rodrigo Cunha assumir a Prefeitura de Maceió em 2026.
DINÂMICA DE PODER
Na complexa arena política de Maceió, a escolha do candidato a vice-prefeito na chapa de reeleição de JHC tem gerado intensas especulações. O cientista político Ranulfo Paranhos oferece uma análise detalhada sobre a dinâmica de poder envolvendo os principais atores dessa disputa: Arthur Lira e Rodrigo Cunha.
Paranhos inicia sua análise explicando a “regra de correlação de força”, um princípio básico na política que estipula que quem detém mais poder tem o direito de escolher. Atualmente, JHC é o candidato natural à reeleição. Ele possui a máquina administrativa, a maioria na casa legislativa, e desfruta de uma aprovação positiva. Esses fatores garantem sua posição de liderança e o apoio do partido.
Segundo Paranhos, a aliança mais estratégica para JHC seria manter tanto o deputado federal Arthur Lira quanto o senador Rodrigo Cunha em sua coligação. No entanto, aplicando a regra de correlação de força, a decisão sobre o candidato a vice-prefeito recai sobre quem possui mais influência política. Neste cenário, Arthur Lira se destaca.
Arthur Lira é descrito como um político muito mais articulado dentro do estado de Alagoas, com um arco de alianças consideravelmente maior. Ele representa um grupo político solidificado, coeso e orgânico, construído ao longo do tempo. Em contraste, Rodrigo Cunha é visto como relativamente isolado. Sua posição política parece depender mais de seu próprio capital eleitoral do que de uma rede de apoio partidário robusta.
Essa diferença de poder sugere que a probabilidade de Rodrigo Cunha ter que aceitar um nome indicado por Arthur Lira é muito maior. Caso Cunha decida fazer oposição, sua atuação seria isolada, o que poderia enfraquecê-lo ainda mais politicamente. Portanto, para manter uma postura racional e estratégica, JHC provavelmente optará por uma candidatura que contemple um nome sugerido por Arthur Lira, na avaliação de Ranulfo Paranhos.
Paranhos pondera que, apesar dessa análise racional, JHC pode decidir manter um acordo pré-existente com Rodrigo Cunha. No entanto, sob uma perspectiva lógica e estratégica, é mais viável que JHC estabeleça uma candidatura com um nome indicado por Arthur Lira, fortalecendo sua posição para a reeleição.