A escolha da revista Ela, do jornal O Globo, em destacar na capa a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), que é trans, para ser capa do especial pelo Dia Internacional da Mulher, foi motivo de debate na sessão ordinária de quinta-feira, 7, entre os deputados Cabo Bebeto (PL) e Ronaldo Medeiros (PT).
Cabo Bebeto iniciou sua fala "parabenizando todas as mulheres alagoanas, as mulheres de bem, as guerreiras, mães, avós, filhas, trabalhadoras, estudantes, todas as mulheres que cumprem o seu papel na sociedade", para logo depois criticar a capa da revista Ela. "Estranho, porque acredito que temos milhões de mulheres no Brasil afora que mereciam ser destaque de uma capa de revista, ou numa matéria, já que se trata da semana das mulheres, do Dia das Mulheres", disse Cabo Bebeto.
O parlamentar lamentou o que ele afirma ser uma perda de espaço das mulheres. Ele fez relação com a cota de 30% para candidatura de mulheres, que hoje inclui mulheres trans. "Hoje eu não vejo feministas ou outras pessoas da esquerda criticarem isso. Ela ocupar um espaço que foi com dificuldade conquistado por mulheres, um espaço que é difícil, ter a concorrência de uma mulher trans é desleal politicamente, assim como já foi comprovado em práticas esportivas", finalizou o Cabo.
Aparte
Em aparte, o deputado Ronaldo Medeiros promoveu um discurso de igualdade, assim como de defesa do público trans. "As pessoas LGBTQI+, entre elas as trans, são vítimas de todo tipo de violência. Vivemos em uma sociedade que julga pessoas pelo que elas são, não por suas atitudes", afirmou o petista, destacando ser necessário, antes de comemorar conquistas das mulheres, atentar para as atrocidades cometidas contra elas.
"Homens ainda se julgam donos; eles matam mulheres todos os dias. Elas são violentadas, são agredidas e precisamos encerrar esse tipo de incentivo, essa comunicação de exaltação à violência", afirmou Medeiros. "Isso é o que nós temos que combater, não ficar olhando se é uma deputada ou deputado trans. Conheço a deputada homenageada, é alguém que luta por uma escola pública decente, que luta por igualdade, por respeito", testemunhou o petista. "Não podemos julgar, temos é que trabalhar por uma sociedade mais igual e que aprenda a respeitar o outro", finalizou Ronaldo Medeiros.