Durante o evento, que também faz parte das comemorações pelos 48 anos do Bope, agentes da segurança pública alagoana conheceram um pouco mais sobre o trabalho contra a criminalidade em outros estados. A interação foi possível pois o subsecretário de Inteligência da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ), coronel Uirá do Nascimento, e o comandante do Batalhão de Operações Policiais Especiais da PM da Bahia, major Fábio Boaventura, também participaram como palestrantes de forma on-line.
O secretário da Segurança Pública de Alagoas, Flávio Saraiva, enalteceu a importância da discussão sobre a temática e reforçou a importância do trabalho integrado que é desenvolvido no estado e também de forma conjunta com outras unidades da federação.
“Foi um debate técnico-científico que busca elementos diagnósticos precisos sobre as atividades das facções no Brasil, em específico o Comando Vermelho. Conversamos com policiais que são referência na atuação em seus respectivos estados e que muito contribuem com a nossa ação em Alagoas, tendo em vista que as organizações criminosas atuam em todo o território nacional. É de conhecimento que traficantes alagoanos estão no Rio de Janeiro, por exemplo, e entender um pouco mais de como é a atuação contra os grupos cariocas pode ajudar no enfrentamento em nosso estado”, afirmou o secretário.
De acordo com o comandante do Bope da PM-AL, tenente-coronel Henrique Jatobá, o evento também reforça a preocupação das forças policiais estaduais em fortalecer o combate às organizações criminosas que atuam no país.
“A Polícia Militar de Alagoas, a Polícia Civil e a Secretaria de Segurança Pública já vêm atuando contra essas facções criminosas há muito tempo e cada vez mais precisamos nos aprimorar. A gente quer aprender mais, melhorar nossa forma de atuação perante as facções criminosas, que agem como verdadeiras empresas multinacionais. No mundo todo, as organizações criminosas têm diversos tipos de crime, o número um é o narcotráfico, que gera em torno de 450 bilhões de dólares por ano. No Brasil, conforme alguns levantamentos, o PCC rende anualmente um bilhão de dólares. Na Rocinha, no Rio de Janeiro, o Comando Vermelho gera em torno de 12 milhões de reais mensais. Então, a gente não está falando aqui de grandes empresas, mas do poder econômico que as facções criminosas geram e isso nos preocupa. E essa preocupação faz com que sentamos à mesa hoje e discutamos formas de ação”, disse o tenente-coronel Jatobá.
O avanço das organizações criminosas foi um dos destaques nas falas dos palestrantes. O coronel Uirá citou que além do tráfico, o crescimento dos grupos está atrelado também a outros meios. “Aqui no Rio de Janeiro, o que mudou completamente o crime organizado, de cinco anos para cá, foi o controle territorial. O maior lucro bruto da facção criminosa é em cima dos serviços concessionários, que seriam transporte, água, luz, internet, serviço de tv, comércio local. Então todas essas atividades hoje, em qualquer localidade do Rio de Janeiro, são controladas pela facção criminosa. Aqui nós temos em torno de cerca de 1.600 comunidades com atividades por organizações criminosas, o Comando Vermelho controlando 80% delas”, ressaltou.
A mesa-redonda também contou com a participação de jornalistas, que puderam tirar dúvidas sobre as formas de combater a criminalidade. Além disso, cerca de 700 pessoas também acompanharam as explanações através de transmissão pelas redes sociais. Entre os espectadores, estiveram comandantes de unidades policiais de várias partes do Brasil.
Presencialmente, o evento também com a participação do secretário executivo de Políticas de Segurança Pública de Alagoas, coronel Patrick Madeiro; o comandante-geral da PM-AL, coronel Paulo Amorim; o delegado-geral da Polícia Civil, delegado Gustavo Xavier; o chefe especial de Inteligência da SSP, tenente-coronel Raumário Jerônimo; o comandante do Batalhão de Rotam/PM-AL, tenente-coronel Lima Lins; a diretora de Comunicação Social da PM e o subdiretor de Inteligência da corporação, tenentes-coronéis Josiene Lima e Thiago Duarte, respectivamente.
