Referência nacional no Jornalismo, Valdice Gomes é conhecida pela sua trajetória em defesa da ética jornalística e como uma das vozes mais ativas em prol das lutas raciais. A jornalista é ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Alagoas.
Na cerimônia de premiação, ela receberá o Troféu Luiz Gama. Anualmente, são homenageados um decano e uma decana negros que sejam exemplos para o jornalismo brasileiro. Nesta segunda edição, além de Valdice Gomes, será também homenageado Dennis de Oliveira, da Universidade de São Paulo (USP).
A honraria é um reconhecimento aos serviços prestados ao jornalismo brasileiro. O prêmio, idealizado pelo portal Jornalistas&Cia, celebra a contribuição de Valdice Gomes no campo do jornalismo, citando sua trajetória como algo “inestimável”.
“A dedicação incansável à verdade, à ética e à Justiça tem sido uma fonte de inspiração para muitos e uma força vital para a evolução da nossa imprensa”, afirmou o portal Jornalistas&Cia, quando comunicou sobre a homenagem a Valdice Gomes.
Emocionada e agradecida pelo reconhecimento, a jornalista Valdice Gomes compartilha a honraria com a sociedade e com a mídia negra. “Os negros correspondem a 56% da população. No entanto, nas redações apenas 20% dos jornalistas são negros. E deste percentual, apenas 36% são mulheres. A população negra, mesmo após a Lei Áurea, carrega um histórico de abandono no mercado de trabalho, na educação, na saúde. O racismo estrutural está impregnado na cultura brasileira. Não se pode apenas contar a versão ‘branca’ da história. É obrigação de todo brasileiro saber a importância dos negros para a história do país”.
É válido dizer, conforme Valdice Gomes, que a comunicação antirracista é uma ação importante e é necessário que os veículos de comunicação ouçam a população e incorporem essas demandas, contribuindo para garantir, inclusive, a democracia. A jornalista destacou a luta da Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial (Conajira) para que o governo federal implante o Plano Nacional de Comunicação Antirracista.
Valdice Gomes é uma referência nacional em defesa das questões raciais. A colunista do jornal Tribuna Independente é jornalista profissional graduada pelo Centro Universitário Cesmac.
É secretária de Gênero, Raça e Etnia da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). Representante da Fenaj na Conajira, representante da Conajira na Articulação pela Mídia Negra e integra a Comissão de Ética do Sindicato dos Jornalistas de Alagoas (Sindjornal).
A jornalista Valdice Gomes recordou que a Coluna Axé nasceu da necessidade observada pela Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial, a Cojira – Alagoas, criada no âmbito do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Alagoas.
“Percebemos a ausência das notícias relacionadas ao movimento negro, sobre a luta pela igualdade racial e, por outro lado, havia comentários de que o movimento negro em Alagoas era inexistente. E não concordamos. O Movimento Negro era pulsante, suas ações é que eram invisibilizadas. Não eram divulgadas pela imprensa. Não havia esse espaço. Nasceu, então, a AXÉ. A Tribuna Independente nos deu esse espaço. Houve essa acolhida. E não poderia ser diferente até pela forma como nasceu a Tribuna Independente, de uma luta de resistência dos trabalhadores. E o que é o Movimento Negro? O que é a Coluna AXÉ? É uma luta de resistência do povo negro, dessa luta pela igualdade racial”, detalhou.
A Coluna AXÉ é publicada há 16 anos, semanalmente, às terças-feiras. A primeira publicação foi dia 13 de maio de 2008. No ano seguinte ao ano de criação da Tribuna Independente. Mesmo ano de criação da Cojira.
E para mostrar a temática que coloca os negros também no protagonismo da história, Valdice Gomes coordena o “Vamos Subir a Serra”. Evento que celebra o Mês da Consciência Negra com sete dias de programação cultural em Maceió e em União dos Palmares, Terra de Zumbi e Dandara.
O “Vamos Subir a Serra” chega a sua oitava edição em 2024, promovendo as potencialidades afro-indígenas, em diversos segmentos, seja na culinária, no empreendedorismo e na difusão da arte, cultura e história afro-brasileira. São mais de 40 atividades, todas gratuitas e abertas ao público em geral.
“E o melhor, transformando espaços públicos em um ambiente democrático, com todas as atividades gratuitas para alagoanos e turistas de todo o país”, afirmou Valdice Gomes.
Em Maceió, as atrações para as comemorações da Consciência Negra começarão na próxima quarta, dia 13 de novembro e prosseguem até o domingo dia 17, na orla da Pajuçara, próximo à estátua da Sereia do Mestre Zezinho, sempre das 15 às 22 horas. Já na Serra da Barriga, em União dos Palmares, as atividades acontecem nos dias 18 e 19.
Na Serra da Barriga, em União dos Palmares, o “Vamos Subir a Serra” promoverá nos dias 18 e 19 de novembro, o Palmares In Loco especial – visitação guiada para professores, pesquisadores e estudantes, a partir das 14 horas.