Pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) estão em busca de parcerias para produzirem em larga escala o primeiro repelente hipoalérgico, não tóxico, orgânico, autossustentável, sem veneno, sem inseticida, sem provocar danos ambientais disponível no mercado, o Nooobites. Atualmente, o repelente já é produzido na Ufal em quantidade considerada ainda pequena pelos pesquisadores. São cerca de mil litros ao mês.
O professor Cícero Eduardo Ramalho Neto coordena o laboratório de Genética da Ufal e conduz a pesquisa. Ele afirmou que o Nooobites é o único repelente no mercado produzido por seleção de DNA vegetal, resultando em um blend (junção, mistura) de óleos essenciais que, por experimentos científicos, comprovam repelência contra insetos de forma eficaz e segura.
A pesquisa está sendo conduzida há cerca de 10 anos. O professor não revelou detalhes da fórmula, mas garantiu que são utilizadas apenas plantas presentes na flora alagoana. “São substâncias retiradas da Mata Atlântica, da Caatinga e até do quintal”, contou ao citar como exemplo, apenas o óleo de abacate que é totalmente desagradável aos mosquitos. O Nooobites não engordura e tem apresentação de 20, 50 e 120 ml.
“A dengue é um flagelo da humanidade, ceifando vidas em todo o Brasil. Mais de dois milhões de pessoas já foram infetadas pelo mosquito Aedes aegypti desde o início deste ano, a tendência até o final de 2024 é de que cinco milhões de pessoas tenham a doença. Precisamos nos proteger dessa doença. E o repelente natural é uma opção segura. Ao usá-lo, o efeito final é uma sensação de alívio e bem-estar duradoura, com agradáveis aromas do campo”, destacou o professor Cícero Eduardo Ramalho Neto que é Pós-Doutorado em Genética Molecular/Proteômica/Bioinformática/Universidade de Exeter, UK.
O vírus da Dengue infecta mais de 100 milhões de pessoas por ano e causa severas manifestações clínicas. Essa doença febril aguda, causada por um vírus de RNA é reconhecida como a mais importante arbovirose que afeta o homem, constituindo-se num grande problema de saúde pública em países tropicais e subtropicais. É uma doença de evolução benigna na forma clássica, mas pode levar o paciente a óbito na sua forma hemorrágica.
O repelente Nooobites deve ser aplicado, conforme suas explicações, preferencialmente nos tornozelos, cotovelos e orelhas e rosto, lugares estratégicos para o mosquito. “O rosto é um alvo do mosquito porque exalamos muito CO 2 (dióxido de carbono), desta forma uma espécie de filé mignon para o mosquito”, ensinou.
A gestante é um dos alvos preferidos dos mosquitos por produzir, mais 20% de CO 2 do que o restante da população.
De acordo com Cícero Eduardo Ramalho Neto, não é necessário destruir os mosquitos. Os insetos fazem parte do ecossistema e servem de alimento para pequenos animais como sapos e lagartixas. Entretanto, podemos manter esses insetos perigosos longe da nossa família, protegendo contra várias doenças, inclusive as arboviroses Dengue, Zika e Chikungunya. O mosquito é o animal que mais mata no planeta. Mata mais do que as cobras, jacarés e escorpiões.
A equipe coordenada pelo professor está no aguardo de uma reunião com o reitor da Ufal. “Aparentemente a Universidade está empenhada em fazer a distribuição do repelente na própria Universidade, em algum local que vai ser ainda decidido”, adiantou.
Por ora, acrescentou o professor, é um plano muito incipiente. No entanto, com grandes chances de concretização nas próximas semanas.
Desde a última terça-feira, o professor está em viagem em Pernambuco, reunido com a Secretaria de Saúde daquele Estado. E espera trazer na mala ao retornar, novidades para que a produção em larga escala possa ser iniciada. O repelente já conta com a parceria do Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep).
“Creio que, nas próximas semanas, o repelente esteja na pauta principal de execução da Ufal. O objetivo é exatamente fazer essa distribuição, principalmente para as populações mais carentes e ao público mais suscetível aos mosquitos como as gestantes, por exemplo. Além de crianças menores de dois anos de idade, cuja indicação para uso dos repelentes convencionais não é permitida”, detalhou.
“Além do recém-nascido, o Nooobites pode ser aplicado na pele de qualquer pessoa. Sejam idosos, crianças e gestantes. Não contamina os aquíferos, retornando ao ecossistema sem ameaça”, completou.
Dengue tem aumento de 43% e já registra uma morte em Alagoas
Alagoas está olhando de forma preocupada para o avanço da dengue no Estado. De acordo com o mais recente Boletim Epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), no último dia 26, foram notificados 3.045 casos suspeitos de dengue em Alagoas, dos quais 1.557 já confirmados.
Os dados são superiores em mais de 43% aos mesmos compilados no mesmo período do ano passado quando 1.325 casos suspeitos foram notificados e 822 confirmados.
O Estado também aumentou as estatísticas sobre a quantidade de óbitos causadas pela dengue, transmitida pelo mosquito. No início da semana, autoridades da área da saúde confirmaram a primeira morte causada pela dengue hemorrágica em Alagoas em 2024. Foi em Atalaia. A vítima, o jogador de futebol João Leonardo Isidoro de Almeida Lau, de 19 anos. O atleta já tinha jogado no ASA e no CSE.
O jovem faleceu no último dia 19. Ele estava internado havia dois dias no Hospital Geral do Estado (HGE). Segundo familiares do jogador, ele chegou a vomitar sangue enquanto estava internado. A família ainda chegou a fazer campanhas para conseguir doadores de sangue para o jovem. A causa da morte foi confirmada no último dia 26, conforme indicado por amostras encaminhadas ao Laboratório Central (Lacen).
Na ocasião, a Prefeitura de Atalaia emitiu nota afirmando que “tem intensificado as ações de combate à doença. Os agentes de saúde têm realizado visitas domiciliares, campanhas de conscientização e orientação à população, além de promover ações de eliminação de focos do mosquito transmissor”.
A Sesau investiga outras sete mortes em Arapiraca, Jequiá da Praia, Marechal Deodoro, Santana do Mundaú e União dos Palmares, cada um dos municípios com um óbito suspeito. Na capital, há duas mortes sob suspeita.
A Secretaria de Saúde de Maceió confirmou que, do início do ano até a última quarta-feira, a capital registrou 663 casos prováveis de dengue, dos quais 591 foram confirmados. Não houve óbitos em Maceió.
No mesmo período do ano passado, foram confirmados 341 casos de dengue, correspondendo a um aumento na ordem de 73,31% se comparado a 2024.
Em relação aos casos de chikungunya, foram 65 casos prováveis sendo que 59 já confirmados. Nenhum óbito foi causado na capital pela doença. No mesmo período de 2023 foram confirmados 149 casos de chikungunya.
Há, na Secretaria de Saúde de Maceió 16 casos prováveis de zika. Deste total, 13 casos já foram confirmados. No mesmo período de 2023 foram confirmados 16 casos de zika.
Na capital, o alerta da saúde municipal está ainda mais concentrado nos bairros de maior incidência para a dengue. No bairro de Santo Amaro foram somados 156,58 casos para cada grupo de 100mil habitantes. Em segundo lugar vem o bairro de Benedito Bentes com 134,59 a cada grupo de 100 mil pessoas. Em terceiro lugar está o Pontal da Barra com o registro de 114,37 casos a cada 100mil pessoas.
Sobre a Chikungunya, o bairro que lidera o ranking em Maceió é o Canaã que soma 37,39 casos a cada grupo de 100mil habitantes. Na sequência estão Ouro Preto e Chã da Jaqueira, com 14,90 casos e 11,58 casos registrados a cada grupo de 100mil moradores.
A dengue na primeira infância também preocupa os infectologistas do Hospital da Criança de Alagoas (HCA). A infectologista da unidade, Adriana Ávila, orientou que para evitar o contato com o mosquito transmissor da doença, é necessário, além de manter a casa limpa, evitar água parada e utilizar repelentes indicados para cada faixa etária.