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8 de dezembro: líderes religiosos explicam a diferença entre Nossa Senhora da Imaculada Conceição e Iemanjá

Publicada em 08/12/24 às 09:30h - 24 visualizações

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8 de dezembro: líderes religiosos explicam a diferença entre Nossa Senhora da Imaculada Conceição e Iemanjá
 (Foto: ilustração)
Neste domingo (8), o Brasil inteiro comemora o feriado de Nossa Senhora da Imaculada Conceição. O dia é marcado pelas expressões de fé, não só dos católicos, mas também de religiões de matrizes africanas, que celebram o dia de Iemanjá. Afinal, Nossa Senhora da Imaculada Conceição e Iemanjá representam a mesma figura religiosa? Para responder estas e outras questões sobre o tema, o CadaMinuto entrevistou o sacerdote católico Padre Sérgio Ricardo, pároco da Paróquia Universitária Santa Teresinha de Lisieux, e a Mãe Graça de Oxum, dirigente do Templo de Umbanda Cabocla Jurema e Caboclo Ubirajara. 

Para os católicos, Nossa Senhora da Imaculada Conceição é um título dado a Maria, mãe de Jesus Cristo.

“O 8 de dezembro é um dia especial para o calendário católico, pois nele comemoramos a solenidade da Imaculada conceição de Maria. A Imaculada conceição de Maria é uma celebração bem próxima ao Natal de Jesus, ela evidencia a grande graça que Deus concedeu àquela que foi escolhida, desde a eternidade, para ser a Mãe do Salvador da humanidade, Jesus Cristo: a graça de ser isenta do pecado original. Tudo isto em vista do envio do Filho de Deus ao mundo. Deus preparou uma digna habitação para que nela seu unigênito pudesse tomar carne. A Imaculada consiste, portanto, em uma antecipação que Deus operou na graça da salvação obtida por Jesus Cristo: Maria foi salva por Cristo no primeiro instante da sua concepção no interior de sua Mãe, Sant’ Ana”, explicou o Padre Sérgio.

O Padre também explicou o motivo da festa e do feriado ser celebrado no dia 8 de dezembro:

“Foi escolhido o 8 de dezembro porque nele foi proclamado o Dogma da Imaculada Conceição de Maria, em 1854, pelo Papa Pio IX, mediante a bula Ineffabilis Deus, que proclamou definitivamente como verdade de fé que ‘sustenta que a beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante da sua Conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de pecado original, essa doutrina foi revelada por Deus, e por isto deve ser crida firme e inviolavelmente por todos os fiéis.’(n.41). O 8 de dezembro, além do aniversário da promulgação do Dogma, tem o conveniente de figurar sempre dentro do tempo do Advento, ou seja, do tempo em que a liturgia da Igreja convida os fiéis e todos os homens de boa vontade a se prepararem para a celebração do Natal do Senhor. Nada mais justo do que celebrar, no 8 de dezembro, aquela que mais vibrou e esperou a vinda do Salvador da humanidade e que cooperou de forma mais direta com esta vinda. A poética cristã, inspirada nas fontes escriturísticas, vê em Jesus Cristo o sol da justiça que se levanta para iluminar o mundo. Maria é a aurora que anuncia a chegada deste sol.”

Muitas vezes, a Virgem Maria é associada à figura de Iemanjá, mas o Padre Sérgio explica que são pessoas diferentes. 

“São duas compreensões distintas, absolutamente não são a mesma pessoa. São dois universos simbólicos que, à certa altura, dialogaram, por razões históricas, mas que permanecem visceralmente distintos. Iemanjá é uma entidade cultuada pelos adeptos de religiões de matriz africana. Nossa Senhora de Conceição é Maria de Nazaré, jovem judia do Século I, que foi escolhida por Deus para ser o meio pelo qual Jesus Cristo viria à terra. Venerada pelos católicos. O que pode haver de proximidade é apenas a coincidência do dia em que seus respectivos devotos celebram suas festas, justamente o 8 de dezembro”, disse.

Para os umbandistas e candomblecistas, segundo a Mãe Graça de Oxum, devido ao sincretismo religioso, Iemanjá é associada a vários títulos de Nossa Senhora, como Nossa Senhora dos Navegantes, Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora da Conceição e a Nossa Senhora da Piedade. Mas, ressalta que são celebradas na mesma data, pelo contexto histórico brasileiro.

Mãe Graça de Oxum, dirigente do Templo de Umbanda Cabocla Jurema e Caboclo Ubirajara. Foto: arquivo pessoal / cortesia.

“Iemanjá é celebrada no dia 8 de dezembro em algumas cidades, como Belém, Maceió e Recife, por coincidir com a data dedicada a Nossa Senhora da Conceição no calendário católico. A festa é realizada nessa data porque na década de 60 era terminantemente proibida qualquer religião que não fosse o catolicismo”, explicou.

A Mãe Graça de Oxum,mostra que todas essas associações, partem da mistura das crenças, do sincretismo religioso, e explica quem é, de fato, Iemanjá.

“É uma divindade de origem africana. Iemanjá é considerada a mãe de todos os orixás e ocupa um papel central nos cultos do candomblé e da umbanda. Segundo as tradições, ela é filha de Olokun, soberano dos mares, e foi casada com Olofin-Oduduá, com quem teve dez filhos que posteriormente se tornaram orixás”.

Para celebrar bem este dia, Padre Sérgio deu algumas recomendações para que os fiéis possam viver a festa de Nossa Senhora da Imaculada Conceição.

“Para os católicos este é um dia de preceito, isto é, um dia que devemos dedicar ao Senhor. Um dia em que normalmente se prioriza o descanso ou lazer, mas sobretudo, a participação na Santa Missa. Embora caia em um domingo neste ano, que por si só é um dia consagrado a Deus para os católicos, o 8 de dezembro traz esta motivação para uma maior dedicação a Deus: a participação da celebração Eucarística. Os católicos adoram a Deus e cumprem seu amoroso dever de agradecer a Deus, escutar sua Palavra e participar da Ação de Graças que é a Eucaristia”, explicou o padre. 

Já para os fiéis de religiões de matrizes africanas, a Mãe de Graça Oxum explicou quais são as atividades realizadas tradicionalmente.

“Um costume muito comum para homenagear Iemanjá é levar flores brancas ao mar. Suas homenagens são realizadas na praia, seu ponto de força, pois ela tem o domínio sobre o mar e sobre os seres que vivem nele. Nas celebrações, os candomblecistas e umbandistas aproveitam para homenagear Iemanjá, agradecendo pelas graças alcançadas e renovando pedidos e devoções. Em Maceió celebramos com a Festa das Águas: o evento celebra o Dia de Iemanjá na Praia de Pajuçara”, finalizou.




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