O encontro reuniu o procurador-geral de Justiça em exercício, Lean Araújo, a promotora de Justiça Alexandra Beurlen e a presidente do Instituto Raízes de África, Arísia Barros. Eles falaram sobre a necessidade de novas ações que possam levar mais consciência à população alagoana sobre as consequências negativas que a discriminação em função da cor da pele podem causar.
“Vamos trabalhar no sentido de criarmos uma campanha educativa com esse foco. Para isso, teremos que planejar, discutir e elaborar uma iniciativa que tenha como base um projeto bem estruturado, envolvendo os possíveis atores que possam atuar de maneira colaborativa, com cada um executando ações que fazem parte das suas atribuições. É necessário que falemos sobre o que é a lei, que capacitemos pessoas para o devido letramento racial, que mostremos como o racismo é praticado e quais são os problemas podem ser acarretados quando ele é consumado, que debatemos a questão das cotas. Entendo que é necessário chamarmos atenção para esse transformador que cada um de nós deve ter”, explicou Lean Araújo.
“Como qualquer campanha precisa estar ligada a uma promotoria específica, a ideal para tratar dessa temática é de Defesa dos Direitos Humanos. Então, vamos sentar e debater como esse trabalho deve ser promovido. Inclusive, o envolvimento de outros órgãos será fundamental para que a mensagem alcance um número maior de pessoas. Posso citar como exemplo a campanha Assédio Não, de enfrentamento aos assédios moral e sexual dentro do ambiente de trabalho, que desenvolvemos ano passado. Foram nossos parceiros o Governo do Estado, a OAB, o Tribunal de Justiça, o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Trabalho, os Tribunais Regionais Eleitoral e do Trabalho, a Associação dos Municípios Alagoanos, a Federação Alagoana de Futebol e o Maceió Shoppig. Tivemos um resultado exitoso porque todos foram responsáveis pelo processo de conscientização”, detalhou o PGJ em exercício.
Representando o movimento negro por meio do Instituto Raízes de África, Arísia Barros comemorou a futura parceria que será estabelecida: “Sim, vamos trabalhar conjunto e jogar na rua as principais informações que devem ser assimiladas e praticadas por todo cidadão. Temos que discutir a urgência de treinar as pessoas para que elas consigam entender o que é o letramento racial. Não basta dizer ‘eu não sou racista’, é preciso executar isso na prática combatendo todas as formas de preconceito. Temos pessoas negras que são referências aqui em Alagoas em todas as áreas e podemos trazê-las para esse debate, mostrando que os pretos também ocupam espaços de poder”, propôs ela.
“Será muito importante esse trabalho, porque ele terá, inclusive, um viés civilizatório para aqueles que ainda insistem em ser racistas. Chega do povo preto ser espancado nas ruas, ser agredido pelas polícias, ser humilhado nos supermercados. Temos que reconhecer que ainda é preciso avançar muito no enfrentamento à discriminação. As maiores vítimas de homicídio e feminicídios são os negros, e da violência urbana e da falta de oportunidade de trabalho também, e eu confesso que isso me dói muito”, completou Arísia Barros.