O perito criminal Ricardo Molina de Figueiredo, de 73 anos, conhecido por atuar no caso PC Farias, colocou fogo em objetos durante uma briga com sua companheira. De acordo com a reportagem da Folha de São Paulo, ele já tinha sido acusado de violência doméstica em 2023, pela ex-mulher. A confusão doméstica envolvendo o perito do caso PC e sua companheira foi noticiada, no domingo (9), pelo portal UOL, que pertence à Folha de São Paulo.
A matéria fala que aconteceu uma briga do casal, dentro de casa, no bairro Caminhos de São Conrado, em Campinas. Na noite do sábado (8), a Polícia Militar foi ao local após denúncias, e a Polícia Civil investiga a ocorrência de violência doméstica.
Molina teria colocado fogo em alguns objetos. Segundo o boletim de ocorrência, ele incendiou alguns pertences, como roupas e papeis. A PM conseguiu resgatar a mulher que estava em outro cômodo e ninguém saiu ferido.
“Ele foi autuado e um canivete que estava com ele foi apreendido. Os dois foram levados para atendimento médico e depois para a Delegacia de Defesa da Mulher de Campinas, onde foram ouvidos. O caso foi registrado como violência doméstica e contravenções penais, segundo nota da Secretaria de Estado dos Negócios da Segurança Pública de São Paulo (SSP/SP)”, informou a reportagem do portal UOL, acrescentando que a investigação é feita por meio de inquérito.
Molina foi procurado pela reportagem do site e disse apenas que houve “somente uma discussão de casal”. Os dois estão bem e seguem o relacionamento”.
REINCIDENTE
Segundo o portal UOL, Molina foi acusado em 2023 de ter agredido uma ex-mulher. “Ele foi investigado após acusações de violência doméstica, psicológica e patrimonial feitas pela ex-mulher Janinne Jasem. De acordo com o Portal, a advogada publicou vídeos gravados no dia 11 de março daquele ano que mostravam uma discussão do casal. O objetivo, segundo ela, era deixar um alerta para outras mulheres.
“Nas imagens, ele é visto quebrando vidros, urinando em cima de uma Bíblia e jogando roupas e maquiagens pela janela. Molina também xinga a mulher e a ameaça de morte jogando roupas e maquiagens pela janela”, acrescentou a reportagem do UOL, registrando um depoimento da vítima.
“Temo que a justiça não seja feita. Eu realmente temo contra a minha vida e o que ele é capaz de fazer. Eu tenho pesadelos de que eu estou sendo assassinada, sequestrada. Eu não saio de casa se o meu namorado não estiver junto”, disse a advogada, à época, nas redes sociais. “Mesmo conhecendo a lei, eu ainda temo que a justiça não seja feita”, completou.
No entanto, de acordo com informações policiais, a mulher dele teria sido ameaçada. “Policiais militares foram até o local, mas não tiveram acesso imediato ao casal. A mulher de Molina foi avistada em uma sacada do pavimento superior. Ela conseguiu descer para o andar térreo e foi auxiliada a sair do local por uma janela. Como estava muito nervosa, ela foi levada ao hospital”, informou a imprensa paulista.
Em seguida, os policiais passaram a procurar Molina. Eles ouviram ruídos de objetos sendo atirados e quebrados no chão e o odor de coisas pegando fogo e arrombaram a porta de entrada da residência. “Os próprios agentes conseguiram conter o fogo, que já se alastrava”, acrescentou a reportagem do ‘Portal Metrópoles’.
Molina, então, se escondeu em um dos cômodos, mas foi encontrado pelos policiais. “Logo ele surgiu com um cobertor e sem camisa. Com ele, foi encontrado um canivete”, informou o Boletim de Ocorrência.
O perito tinha ferimentos leves no pé por ter andado sob cacos de objetos quebrados. Ele foi levado para atendimento médico e, posteriormente, levado à Delegacia de Defesa da Mulher de Campinas, onde foi ouvido e depois liberado.
De acordo com o boletim de ocorrência, a mulher de Molina não tinha lesões aparentes. O caso foi registrado como violência doméstica e contravenções penais e o casal, que apresentou versões antagônicas à polícia, foi liberado. Ambos terão que ser submetidos a exames no Instituto Médico Legal (IML).
Professor da Universidade de Campinas (Unicamp) Ricardo Molina possui extenso currículo de perícias importantes, como perito em fonética forense. Ficou conhecido em 1991, quando a Polícia Federal o convocou para auditar uma fita em que o ministro do Trabalho no governo Collor, o sindicalista Antônio Rogério Magri, admitia ter recebido uma propina de 30 mil dólares.
A fama veio alguns anos depois com o caso da morte de PC Farias – tesoureiro do ex-presidente Fernando Collor encontrado morto em Maceió, sua casa de praia, ao lado da namorada Suzana Marcolino. O perito contestou o laudo emitido por um colega também da Unicamp, o médico legista Fortunato Badan Palhares, que defendia a tese de homicídio seguido de suicídio: PC teria sido porto por Suzana, que depois teria se matado.
A especulação na época apontava para um caso de duplo homicídio por queima de arquivo.
Molina trabalhou ainda nos laudos dos casos da Chacina de Eldorado dos Carajás; o crime da Favela Naval e o acidente que matou os integrantes da banda Mamonas Assassinas, entre vários outros. Ele é comumente contratado para emitir laudos para órgãos como o Ministério Público Federal, CPIs do Congresso Nacional além de departamentos de investigação de vários estados da federação e ainda órgãos de imprensa.
Em suas aparições na mídia, Molina comumente faz declarações sobre ações da Perícia Criminal Oficial, mesmo sem nunca ter sido Perito Criminal Oficial. O que já foi questionado por Associações de Peritos Criminais.
